terça-feira, 27 de maio de 2014

Iyami Osorongá





Iyami Osorongá (Minha Mãe Emplumada), também chamada Iyami Ajé (Minha Mãe Feiticeira) ou Ìyá NIa (Grande Mãe) é uma entidade do culto Nagô (Nigéria). Em algumas linhas, é considerada uma Orixá regente das Iyá-mí (mães falecidas), em outras é "a síntese do poder feminino manifestado claramente manifestado na possibilidade de gerar filhos". É ligada ao odu Oxê que também corresponde a Iemanjá e Oxum, mas ao contrário dessas duas, Iyami Osorongá não incorpora. Suas representações podem variar da feiticeira anciã, a mãe gestante ou a coruja (como aspecto da mãe que volta para buscar a filha na hora da morte). Essa última representação é ligada ao mito de que quando a coruja passa por cima de uma casa, piando, durante um parto ou durante a noite, é porquê a mãe irá morrer.

As Iyá-mí tornaram-se conhecidas como as senhoras dos pássaros e a sua fama de grandes feiticeiras associou-as à escuridão da noite; por isso também são chamadas Eleyé, e as corujas são os seus principais símbolos (associadas à Orixá). É dito que elas guardam o mistério da geração e os segredos da magia do sagrado feminino tão temido pelos homens. Algumas vertentes aceitam ainda que as Iyá-mí conhecem os segredos do controle da mente masculina através da sedução e da paixão e que controlam a vida e a morte. São também conhecidas como Ajé.
 Iyami Osorongá tem o poder de fertilizar ou tornar estéril tanto o solo quanto os humanos, é uma orixá muito temida. Ao se pronunciar seu nome, deve-se fazer uma reverência pondo-se de pé e encostando os dois dedos indicadores no chão. Seu culto é raro no Brasil e restrito às mulheres, ainda que homens possam se consultar e até mesmo realizar "pactos" com as Iyá-mi.  Por conta disso as oferendas para essa entidade devem ser feitas exclusivamente pelas mãos de uma mulher que já tenha dado a luz e em sua festa, se houverem homens, esses devem vestir-se de mulher e usarem máscaras com motivos femininos. Isso é considerado um ato de MEDO e não de adoração, feito para apaziguar a ira de Iyami Ajé. Certas linhas aceitam que Iyami Osorongá seria uma qualidade de Iyami Odú, esposa de Ifá.
É dito que as filhas de Iyami Osorongá são todas inclinadas para a bruxaria em algum momento de sua vida, mas todas levadas por sentimentos negativos afim de mostrarem a face cruel e amedrontadora de sua regente. Em geral, são mães rígidas e esposas ciumentas, controladoras e desconfiadas. Apesar dos aspectos negativos, também são zelosas, belas e sedutoras.
O festival mais famoso para essa entidade é o Gèlèdè (nome dado também as sociedades exclusivamente compostas por mulheres), que ocorre entre os meses de Março e Maio. O festival tem o teor similar ao Beltane, fertilidade. Nesse festival, muitas mulheres que sonham em ser mães levam diversos presentes para Ìyá Nla afim de conseguirem a graça de ter um filho. As principais oferendas a essa Orixá são: Otí (Aguardente), Ekó/Acaçá (Bolinho de canjica enrolado em folha de bananeira), Akará (Acarajé sem recheio), Epo Pupa (Dendê), Èyin (Ovo), Òguèdè /Aguedê(Banana), Oyn (Mel), Obi (Frutinha africana), Ékuru (Feijão branco cozido nas folhas), Ejé (sangue de coelho), Egbó (canjica cozida), Orogbó (Fruto africano).

Lenda

Iyami Oxoronga e Ogborí: Certa vez, Iyami Osorongá pediu à sua irmã, para cuidar de seu único filho durante sua ausência. Enquanto ela estava fora, as dez crianças da mortal sentiram vontade de matar um passarinho para comerem. Ogborí falou à suas crianças que se eles quisessem a carne de um passarinho, ela iria ao mato buscar um para comerem, mas que eles não deveriam tocar no único filho da feiticeira. Enquanto a mãe foi ao mato, suas dez crianças juntaram-se e mataram o único filho da feiticeira e assaram sua carne para comer. 

À medida que as dez crianças de Ogborí assassinaram do filho da feiticeira, o poder sobrenatural deu a ela um sinal de que nada estava bem em casa. Ela rapidamente abandonou as compras no mercado e retornou para casa apenas para descobrir que seu filho tinha sido assassinado.  Ela não conseguia compreender nada, porque sua irmã foi ao mercado várias vezes e ela foi bem sucedida cuidando das dez crianças sem nenhum transtorno, mas quando foi sua vez de ir ao mercado, sua irmã negligenciou seu único filho. Ela chorou amargamente e decidiu abandonar a casa aonde viveu com sua irmã. Elas tinham um irmão com o qual elas vieram ao mundo ao mesmo tempo, mas que preferiu morar no meio da floresta, porque ele não desejava ser incomodado por ninguém. Era Iroko. 
Quando Iroko ouviu a feiticeira chorando, ele a convenceu a revelar o que estava acontecendo, e ela lhe contou como os filhos de sua irmã Ogborí assassinaram o seu único filho, sem sua mãe ser capaz de impedi-los. Iroko consolou-a e lhe garantiu que a partir daí ele se alimentariam dos filhos de Ogborí. Foi a partir daí que, com o auxílio de Iroko, a feiticeira começou a picar as crianças de Ogborí uma após as outras. 
Foi Orumilá que apelou a Iroko e a feiticeira e pediu-lhes que aceitassem, a fim de parar o assassinato dos filhos mortais dos leigos. É deste modo que Orunmilá introduziu o sacrifício (Ètutu) de oferendas à Iyami Osorongá, o qual envolvia um coelho, ovos, fartura de óleo e outros itens comestíveis. 

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