Iyami Osorongá (Minha Mãe
Emplumada), também chamada Iyami Ajé (Minha Mãe Feiticeira) ou Ìyá NIa (Grande
Mãe) é uma entidade do culto Nagô (Nigéria). Em algumas linhas, é considerada
uma Orixá regente das Iyá-mí (mães falecidas), em outras é "a síntese do
poder feminino manifestado claramente
manifestado na possibilidade de gerar filhos". É ligada ao odu
Oxê que também corresponde a Iemanjá e Oxum, mas ao contrário dessas duas,
Iyami Osorongá não incorpora. Suas representações podem variar da feiticeira
anciã, a mãe gestante ou a coruja (como aspecto da mãe que volta para buscar a
filha na hora da morte). Essa última representação é ligada ao mito de que
quando a coruja passa por cima de uma casa, piando, durante um parto ou durante
a noite, é porquê a mãe irá morrer.
As Iyá-mí tornaram-se
conhecidas como as senhoras dos pássaros e a sua fama de grandes feiticeiras
associou-as à escuridão da noite; por isso também são chamadas Eleyé, e as
corujas são os seus principais símbolos (associadas à Orixá). É dito que elas
guardam o mistério da geração e os segredos da magia do sagrado feminino tão
temido pelos homens. Algumas vertentes aceitam ainda que as Iyá-mí conhecem os
segredos do controle da mente masculina através da sedução e da paixão e que controlam
a vida e a morte. São também conhecidas como Ajé.
Iyami Osorongá tem o poder de fertilizar ou
tornar estéril tanto o solo quanto os humanos, é uma orixá muito temida. Ao se
pronunciar seu nome, deve-se fazer uma reverência pondo-se de pé e encostando
os dois dedos indicadores no chão. Seu culto é raro no Brasil e restrito às
mulheres, ainda que homens possam se consultar e até mesmo realizar
"pactos" com as Iyá-mi. Por
conta disso as oferendas para essa entidade devem ser feitas exclusivamente pelas
mãos de uma mulher que já tenha dado a luz e em sua festa, se houverem homens,
esses devem vestir-se de mulher e usarem máscaras com motivos femininos. Isso é
considerado um ato de MEDO e não de adoração, feito para apaziguar a ira de
Iyami Ajé. Certas linhas aceitam que Iyami Osorongá seria uma qualidade de
Iyami Odú, esposa de Ifá.
É dito que as filhas de Iyami
Osorongá são todas inclinadas para a bruxaria em algum momento de sua vida, mas
todas levadas por sentimentos negativos afim de mostrarem a face cruel e
amedrontadora de sua regente. Em geral, são mães rígidas e esposas ciumentas,
controladoras e desconfiadas. Apesar dos aspectos negativos, também são
zelosas, belas e sedutoras.
O festival mais famoso para
essa entidade é o Gèlèdè (nome dado também as sociedades exclusivamente
compostas por mulheres), que ocorre entre os meses de Março e Maio. O festival
tem o teor similar ao Beltane, fertilidade. Nesse festival, muitas mulheres que
sonham em ser mães levam diversos presentes para Ìyá Nla afim de conseguirem a
graça de ter um filho. As principais oferendas a essa Orixá são: Otí (Aguardente),
Ekó/Acaçá (Bolinho de canjica enrolado em folha de bananeira), Akará (Acarajé
sem recheio), Epo Pupa (Dendê), Èyin (Ovo), Òguèdè /Aguedê(Banana), Oyn (Mel), Obi
(Frutinha africana), Ékuru (Feijão branco cozido nas folhas), Ejé (sangue de
coelho), Egbó (canjica cozida), Orogbó (Fruto africano).
Lenda
Iyami Oxoronga e Ogborí: Certa
vez, Iyami Osorongá pediu à sua irmã, para cuidar de seu único filho durante sua
ausência. Enquanto ela estava fora, as dez crianças da mortal sentiram vontade
de matar um passarinho para comerem. Ogborí falou à suas crianças que se eles
quisessem a carne de um passarinho, ela iria ao mato buscar um para comerem,
mas que eles não deveriam tocar no único filho da feiticeira. Enquanto a mãe
foi ao mato, suas dez crianças juntaram-se e mataram o único filho da
feiticeira e assaram sua carne para comer.
À medida que as dez crianças
de Ogborí assassinaram do filho da feiticeira, o poder sobrenatural deu a ela
um sinal de que nada estava bem em casa. Ela rapidamente abandonou as compras
no mercado e retornou para casa apenas para descobrir que seu filho tinha sido
assassinado. Ela não conseguia compreender nada, porque sua irmã foi ao
mercado várias vezes e ela foi bem sucedida cuidando das dez crianças sem
nenhum transtorno, mas quando foi sua vez de ir ao mercado, sua irmã
negligenciou seu único filho. Ela chorou amargamente e decidiu abandonar a casa
aonde viveu com sua irmã. Elas tinham um irmão com o qual elas vieram ao mundo
ao mesmo tempo, mas que preferiu morar no meio da floresta, porque ele não
desejava ser incomodado por ninguém. Era Iroko.
Quando Iroko ouviu a
feiticeira chorando, ele a convenceu a revelar o que estava acontecendo, e ela
lhe contou como os filhos de sua irmã Ogborí assassinaram o seu único filho,
sem sua mãe ser capaz de impedi-los. Iroko consolou-a e lhe garantiu que a
partir daí ele se alimentariam dos filhos de Ogborí. Foi a partir daí que, com
o auxílio de Iroko, a feiticeira começou a picar as crianças de Ogborí uma após
as outras.
Foi Orumilá que apelou a Iroko
e a feiticeira e pediu-lhes que aceitassem, a fim de parar o assassinato dos
filhos mortais dos leigos. É deste modo que Orunmilá introduziu o sacrifício
(Ètutu) de oferendas à Iyami Osorongá, o qual envolvia um coelho, ovos, fartura
de óleo e outros itens comestíveis.
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