Última
parte da série sobre Vodu! Sim, eu não esqueci disso. Bom, aqui vamos tratar
dos graus iniciáticos dentro do culto Dahomey que é o maior e o mais popular no
Haiti, rito funerário e dar uma bibliografia pra galera que queira se aprofundar mais no
assunto.
Assim como
qualquer religião, o Vodu tem graus que basicamente delimitam quem faz o que e
quem pode participar do que dentro do Hounfort. O grau básico é o de Voduísta...
Que nada mais é que o sujeito que vai as festa, que se consulta, acredita e
tudo mais, mas não é iniciado e nem trabalha no hounfort. Essa pessoa pode
participar apenas dos rituais e cerimônias públicas e raramente incorpora (só
quando o problema é TENSO mesmo).
Quando o
indivíduo começa a se preparar para ser iniciado (o tal do período de dedicação
dentro da wicca) ele é chamado de Housin Bossale. Nesse estágio você passa por
um período de observação, pode participar de alguns rituais fechados e auxilia
as entidades enquanto estão em terra. Housin significa "Noiva do
Espírito" em Fon, é uma expressão usada para quem está desenvolvendo o
contato com os Lwas e Orixás. Bossale significa "Cavalo Selvagem",
expressão utilizada para médiuns em desenvolvimento. O período de observação varia de hounfort para
hounfort e de pessoa para pessoa. Nesse tempo, o líder do templo pode recusar a
iniciação ao candidato.
Após o
tempo de observação, o candidato passa pela cerimônia do Fogo e obtém o título
de Kanzo (que literalmente significa fogo). Os kanzo são equivalentes à galera
que acabou de se batizar na Igreja. Na cerimônia, os Kanzo se vestem de branco
e fazem parte do coro que entoa os cânticos. São também prováveis candidatos à
possessão pelos Lwas. Eles podem participar da maioria dos rituais fechados e
são responsáveis pela limpeza do Hounfort.
O segundo
grau iniciático dentro do Vodu é o Si Puen (do francês Sur Point, ou, No
Ponto). Nesse grau, o Kanzo é apadrinhado por um Lwa específico. Nesse grau, já
se pode presidir os rituais e cerimônias no lugar da Mambo/do Hougan (quando se
faz necessário), se tem acesso a todas as cerimônias fechadas e são aqueles que
sofrem a possessão por parte dos Orixás nas festas. Um Si Puen pode inclusive
abrir seu próprio Hounfort e ter seus iniciados. A esses é entrego o Asson, o
chocalho sagrado símbolo do Sacerdócio Vodu.
O último
grau dentro do Vodu é o Asogwe. Os sacerdotes com esse grau são considerados
verdadeiros bispos dentro da religião. Sua iniciação é anunciada por todos os
hounfort. Eles são a autoridade máxima dentro dos rituais, mesmo em outras
casas. Um Sacerdote deve sempre prestar respeito e obediência àquele que o
iniciou, ainda que tenha sido iniciado por um Si Puen e depois tenha se tornado
Asogwe pelas mãos de outrem.
Essas
relações são expressas dentro das cerimônias através de gestos como beijar as
mãos do sacerdote ou dar um abraço em seus irmãos. Quando um Sacerdote de uma
casa morre, ele tem seu funeral (chamado Desounin) assistido não só pelos
filhos da casa, mas por qualquer pessoa que queira. São cerimônias públicas que
duram nove dias. A cerimônia começa com um ritual católico comum e durante nove
dias é feita uma vigília. A nona noite é chamada Denye Priye, "a última
prece" e a partir daí se encerra a parte católica do rito.
Após o
Denye Priye, os sete corpos espirituais da pessoa são separados e mandados para
os locais corretos durante vários rituais. O herdeiro do Hounfort costuma ser
anunciado nessa hora quando o Lwa Ancestral do Hougan ou da Mambo o possui por
alguns minutos e depois se vai. Um ano e um dia após todo o procedimento, é
feito o Mo Nan Dlo (Tirar o morto da água), ritual que consiste em chamar o
espírito do morto através de uma bacia com água, que é coada por um lençol
branco para um pote de barro chamado Govi. Esse pote é colocado no salão interno
do Hounfort (Djevo).
O espírito
do morto (não precisa ser necessariamente um Sacerdote, mas precisa ser pelo
menos um Kanzo com muito tempo de casa) possui a escolha de retornar como um
Lwa Ghede. Após o processo do Mo Nan Dlo, há um ritual onde o morto ganha um
novo nome e se torna um Lwa. Não se sabe ao certo quanto tempo dura esse
ritual, uma vez que é uma cerimônia fechada.
Os Lwas
Ghede dessa ordem possuem sempre o título Ghede na frente dos nomes e têm mesmo
sobrenome, "La Croix". Alguns espíritos mais brincalhões possuem nome
em forma de trocadilhos, piadas infames ou mesmo xingamentos, alguns exemplos são: Ghede Gwo nan de Zozo CrekTone de la Croix (Ghede Pinto na
Buceta Trovão da Cruz), Ghede Frata de la Croix (Ghede Lixo da Cruz) e assim
por diante. A vasta maioria da linha de Ghede é masculina e frequentemente costumam
aparecer falando obscenidades ou fazendo brincadeiras.
Bom galera, basicamente é isso.
Encerramos (finalmente) aqui a nossa série sobre Vodu. Perguntas podem ser
feitas nos comentários ou no ask. Ah sim! E por último e não menos importante, BIBLIOGRAFIA!
Tell My Horse: Voodoo and Life in Haiti and Jamaica
The Serpent and the Rainbow
The New Orleans Voodoo Handbook
The Voodoo Doll Spellbook: A Compendium of Ancient and Contemporary Spells and Rituals
The Voodoo Hoodoo Spellbook
Voodoo and Hoodoo: The Craft as Revealed by Traditional Practitioners
Secrets of Voodoo
Haitian Vodou: An Introduction to Haiti's Indigenous Spiritual Tradition
Tell My Horse: Voodoo and Life in Haiti and Jamaica
The Serpent and the Rainbow
The New Orleans Voodoo Handbook
The Voodoo Doll Spellbook: A Compendium of Ancient and Contemporary Spells and Rituals
The Voodoo Hoodoo Spellbook
Voodoo and Hoodoo: The Craft as Revealed by Traditional Practitioners
Secrets of Voodoo
Haitian Vodou: An Introduction to Haiti's Indigenous Spiritual Tradition
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