Continuando
nossas postagens sobre o Vodu Haitiano, entramos agora na parte dos Orixás. A
maior parte do panteão do Vodu é baseado nos Voduns do Povo Fon e nos orixás
Yorubás, que também deu origem a muitos orixás do Candomblé brasileiro. A linha
de Congo e Makaya entendem esses orixás como Deuses independentes com suas
atribuições e poderes. O rito dahomeano, porém, vê essas entidades como formas
de manifestação de Grand Met (também chamado Bon Dieu).
Esses
Orishás são chamados "Os Sete Poderes Africanos" na linha de Dahomey,
são eles:
Papa Legba -
É o orixá mais importante do Vodu, por ser quem faz a comunicação entre os
Orixás, Lwas e o homem (no rito dahomey, é quem faz a ponte entre Grand Met e
os orixás, inclusive). Ele também é o guardião de Guinee, o portal do mundo pós
morte. É sempre chamado no começo de todas as cerimônias, pois sem sua bênção
não é possível fazer contato com os espíritos. É comumente representado como um
velho com cachimbo sentado na encruzilhada. Sua cor é vermelho e preto, seu dia
é Segunda Feira e seu sincretismo é com São Miguel.
Ogun -
Orixá da Guerra, do Sangue e do Ferro. Dizem que foi o patrono dos guerreiros
da revolução haitiana de 1804. Não confundir com Lwa Ogoun, que é o Lwa
marinheiro marido de La Sirene. É associado a locomotiva e suas oferendas devem
ser deixadas na linha férrea. Sua cor é vermelho, seu dia é Terça Feira e seu
sincretismo é com São José.
Changó -
Orixá dos Raios, da dança e da paixão. É o epíteto de todas as coisas ligadas
ao universo masculino. Comanda as chuvas, a virilidade, a fertilidade e as
árvores. É a contra parte de Ogun, sendo considerado o patrono dos
estrategistas militares (qualquer semelhança com Atena e Ares...). É associado a pedreiras e
suas oferendas devem ser deixadas em locais rochosos. Sua cor é vermelho e
branco, seu dia é Sexta Feira e seu sincretismo é com São Jerônimo e Santa
Bárbara.
Obatalá - O
Orixá criador, a junção das polaridades masculinas e femininas, da mente e do
espírito. É descrito como o rei andrógino do céu com nuvens brancas. É o mais
velho dos orixás e conseqüentemente o mais sábio. Suas oferendas em geral são
deixadas em clareiras em dias de céu claro. Sua cor é branco com prateado, seu
dia é Domingo e seu sincretismo é com Nossa Senhora da Misericórdia.
Oyá - A
Orixá do comércio, dos ventos, furacões, fertilidade, magia e fogo. É também a
guardiã dos cemitérios e do mundo dos mortos (Guinee). É o epíteto de todas as
coisas associadas ao universo feminino. Protege as grávidas e a colheita. Suas
oferendas são deixadas também nas pedreiras junto as oferendas Changó. Suas
cores são vermelho, bordô, roxo e marrom, seu dia é Quarta Feira e seu
sincretismo é com Santa Catarina.
Yemanyá - A
senhora dos oceanos e das águas primordiais, Orixá criadora. É associada aos
mistérios femininos da intuição, menstruação e etc. Protetora e regente dos
pescadores e dos marinheiros, é ela quem leva os trabalhadores marinhos em sua
passagem para o outro lado. Suas oferendas devem ser deixadas na praia. Suas
cores são branco e azul, seu dia é Sábado e seu sincretismo é com Maria Estrela
do Mar.
Oshun – A Orixá
do amor, da beleza, da fortuna e da diplomacia. Oshun é descrita como a “Mãe
Invisível Presente em Todas as Reuniões”, por representar as forças
cosmológicas da água, da unidade e da atração, sendo assim onipresente e onisciente
(e tu achou que só Jeová entrava nessa descrição, né?). Suas oferendas são
deixadas em rios e lagos de águas calmas e geralmente levam algum item de ouro.
Suas cores são o amarelo, o verde e o coral, seu dia é Quinta Feira e seu
sincretismo é com Santa Cecília.
Alguns
Hougans fazem certas associações de Lwas com os Orixás, como se fossem
imediatos dos mesmos. O exemplo mais clássico é Erzulie Freda e Oshun: é dito
que na festa de Erzulie, no dia de São Valentim, Oshun desce primeiro para
abrir as festividades e na festa de Oshun, Erzulie aparece para reverenciá-la.
Isso não é
uma prática comum a todas as casas e nem a todas as linhas. Em geral, essas
associações são feitas pelos Dahomey e, em menor escala, pelos Makaya. A visão
geral de orixá para essas linhas são sempre a de seres mais distantes do ser
humano que os Lwa, mas menos inacessível que Grand Met (para os Dahomey).
A
confirmação dos orixás não é consensual entre os hounfort também. Alguns fazem
a confirmação através de oráculos, enquanto outras casas, a têm diretamente da
boca dos Lwas. O oráculo usado no Vodu é o oráculo de Fa e o nome que se dá ao
oraculista é Bokonon. O oráculo de Fa é geomantico, ou seja, usa pedras ao
invés de búzios ou sementes de dendezeiro (Ikin).
E amanhã,
parte três (e talvez final...) do post. Por hoje tá tranquilo, cês já tão
sabendo até demais! Inté!
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