terça-feira, 22 de novembro de 2016

Filiação divina ou Horóscopo dos Deuses?





Um milhão de anos parada por causa de faculdade + trabalho e aqui estamos nós de novo para falar de qualquer assunto que todo mundo deveria saber, mas prefere ignorar e seguir no País das Maravilhas... So sad. A recente polêmica gira em torno de um assunto bem besta, filiação Divina. Galera mais antiga ouve isso e não deve entender nada, mas é bem fácil: Um povo resolveu que todo e qualquer culto funciona que nem Candomblé e Umbanda no sentido de você ter um “Pai e Mãe de cabeça”... Claro, que ao invés de ir ver como isso funciona, nego resolveu levar à moda caralho e achar que pode escolher o Deus que lhe rege. Muito conveniente...
“Mas poxa, se isso existe nas religiões de matriz africana, por que não pode existir nas outras?”
Então, existir existe, mas não é qualquer religião e assim como as religiões citadas, você não escolhe nem o jeito que vai morrer, quem dirá que Deus rege você, né? Isso tem todo um sistema oracular que vai te falar quem é o seu regente, o que você tem que fazer, na maior parte das vezes qual o tipo de iniciação e todo protocolo a ser seguido, ou seja, saporra não é a casa da mãe Joana, você tem um negócio chato chamado REGRA (a.k.a. DOGMA RELIGIOSO).
Outro detalhe interessantíssimo: Tem Deidades que não vão tomar cabeça de tipos específicos de pessoas. Em algumas culturas existem deusas que não tomam cabeça de homem e fim de conversa, outras só podem ser “feitas” em meninas virgens, tem deuses que não aceitam outras NACIONALIDADES e assim por diante. Muitas vezes a deidade que te rege tem a ver com toda a sua ancestralidade, o que explica o último caso citado, por exemplo, no Japão (não, não significa que você é filho de algum deus do panteão tupinambá, mas sim que o seu regente quase sempre tem a ver com quem rege seus pais biológicos, avós etc.) ou seja, você ainda tem todo um trabalho sobre ancestralidade pra resolver e o que mais o sacerdote te mandar fazer.
Ah é! E a parte mais legal, uma vez iniciado nesse tipo de culto você passa a ter obrigações com a sua deidade e isso inclui o que a gente chama de “quizila” no Candomblé. A maior parte das pessoas, quando já possuem alguma ligação com a deidade, já sofrem com isso desde sempre (aquela pessoa que não pode nem sentir cheiro de álcool porque passa mal, ou a pessoa que quando come determinado tipo de alimento passa mal sem ter alergia de fato àquilo...) outras só vão sofrer com isso depois da iniciação (não poder ir a certos lugares, evitar comidas e bebidas específicas etc.) e quem acha que isso é só no Candomblé, não devia nem estar brincando com esse negócio de regência.
Acho pra grande sorte da maioria, como vocês fazem tudo muito errado, em geral nunca dá muito problema (olha que sorte). Não, a sua humildade e vontade forte e verdadeira NÃO VÃO CHEGAR À ENTIDADE NENHUMA NESSA TERRA. Você pode me xingar, continuar se enganando e tudo mais, mas a verdade é essa. Vela, maçã da Turma da Mônica e tortuguita não são oferenda. A vela você acende em dias comuns que você quer honrar a deidade ou meditar pensando nela, mas não como oferta. Oferenda é outro papo que a gente deixa pra um outro texto.
“Ah, mas pra mim dá certo”
Tá, agora para de procurar besteira no Google e vai dar uma boa lida num negócio bem legal chamado “EFEITO PLACEBO”. Vai ser revelador, juro.

Agora, parem com a palhaçada, pelo amor da luz elétrica. Se vocês nunca tiraram um maldito oráculo que seja e nem estão dispostos a renderem um culto minimamente decente (e coerente) pra deidade, na boa, voltem lá pro horóscopo que não ofende ninguém e tem umas páginas muito engraçadas com uns memes ótimos.
    
 


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